A diversidade é uma marca identitária da sociedade portuguesa. Não é de hoje nem se confina aos fluxos migratórios significativos para o Portugal dos finais do século XX, especialmente vindos de países africanos. Mas a “desvalorização da humanidade dos Africanos” habitantes no Portugal europeu desde o século XV, como refere nesta publicação Isabel Castro Henriques, e o seu silenciamento ao longo de séculos, tornou quase invisível a sua participação na também sua sociedade portuguesa, como se o nosso património cultural e simbólico não vivesse igualmente da riqueza desta presença.
Como em toda a história universal, o silenciamento é ainda maior quando falamos do lugar e do papel das mulheres. Este é um processo de desocultação que está em marcha nas mais variadas esferas, e que faz parte da nossa abordagem de política pública de igualdade e não discriminação, assente numa visão estrutural e intersecional da discriminação e numa perspetiva concertada e suportada em conhecimento científico. Aprofunda-se a igualdade, na lei e na prática e em medidas de prevenção da violência e da discriminação, de fomento da capacitação e de sensibilização das próprias mulheres e de profissionais estratégicos/as, ou ainda no reforço da agenda social e da visibilidade das questões da igualdade.
É um processo que estamos igualmente a aprofundar, junto das mulheres afrodescendentes e das mulheres migrantes. De facto, a presente edição junta-se a um conjunto de outras publicações e recursos que visam assinalar a Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024, uma iniciativa das Nações Unidas que promove o desenho e a implementação de medidas de reconhecimento, justiça e desenvolvimento. Destaquem-se, nesta nossa celebração, outras publicações lançadas com o trabalho da professora Isabel Castro Henriques, a quem agradeço o contributo científico, na desocultação desta presença, mas também a organização de seminários e workshops, o financiamento de estudos sobre as mulheres migrantes e descendentes, ou o projeto “Práticas Saudáveis: Fim da Mutilação Genital Feminina” (2018-2020), implementado em parcerias locais com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, o Alto Comissariado para as Migrações e a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Um pássaro não canta porque tem uma resposta. Canta porque tem uma canção. Rosa Monteiro Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
PROMOTOR: Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal