PRÉ HISTÓRIA
2.58M A.C. - 10 000 A.C. | PALEOLÍTICO
Out of Africa – processo de hominização e das grandes alterações climáticas; mundo dos caçadores-recoletores. Início do povoamento da região. Os principais focos de ocupação humana vinda do continente africano atingiram o auge entre c. 200 000 a.C. e c. 30 000 a.C. Out
Referências
- ALCARAZ‑CASTAÑO, M. (2021). First modern human settlement recorded in the Iberian hinterland occurred during Heinrich Stadial 2 within harsh environmental conditions, Scientific Reports 11 (1): 1-25.
- BEYER, R. et al. (2021). Climatic windows for human migration out of Africa in the past 300,000 years, Nature Communications.
- GUNTHER T. and JAKOBSSON, M. (2016). Genes mirror migrations and cultures in prehistoric Europe — a population genomic perspective, Science Direct.
- IMBLER, S. (2021). A Shifting Climate Gave Humans Many Opportunities to Leave Africa, The New York Times, August 24.
- LÓPEZ, S. et al. (2015). Human Dispersal Out of Africa: A Lasting Debate, e. Evolutionary Bioinformatics 11(s2): 57-68.
- LUSA (2013). Cientistas anunciam descoberta na África do Sul dos primeiros túmulos da préhistória, Público, 5 de junho.
- JALHAY, E. (1927). El Hombre Fossil. O Archeologo Português, pp. 147-155.
- TATTERSALL, I. (2009). Human origins: Out of Africa, PNAS 106 (38): 16018 –16021.
- WILSHAW, A. (2018). Out of Africa hypothesis, in Wenda Trevathan (ed.), The International Encyclopedia of Biological Anthropology, pp. 1-7.
- VALDIOSERA, C. at al. (2018). Four millennia of Iberian biomolecular prehistory illustrate the impact of prehistoric migrations at the far end of Eurasia, PNAS 115 (13): 3428-3433.
10.300 A.C. - 5.000 A.C. | MESOLÍTICO
O Mesolítico é um período pré-histórico compreendido entre o Paleolítico e o Neolítico, tempo dos últimos caçadores-recolectores e da emergência das primeiras sociedades agro-pastoris na Europa, entre 10.300 e 5000 antes do presente (AP). Em Portugal, a ocupação mesolítica centrou-se essencialmente na zona costeira, testemunhada, até à data, pela existência de mais de 260 sítios arqueológicos (Monteiro, 2017; Straus, 2009).
As investigações sobre o Mesolítico no país foram inauguradas pela equipa do geógrafo Carlos Ribeiro, com a descoberta do complexo dos Concheiros de Muge, nomeadamente dos concheiros de Arneiro-do-Roquete e Cabeço da Arruda (1863) e, posteriormente, de Moita do Sebastião, Cabeço da Amoreira e Fonte do Padre Pedro (1884) – localizados na margem esquerda do Vale do Tejo, em Salvaterra de Magos, e datados circa 8100 e 7100 AP (Bicho et al., 2013).
Referências
- ARAÚJO, A.C. (2012). Une histoire des premières communautés mésolithiques au Portugal. Université de Paris 1, Panthéon, Sorbonne (tese de doutoramento policopiada).
- BICHO, N. (2009). Sistemas de povoamento, subsistência e relações sociais dos últimos caçadores-recolectores do Tejo. Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras. 17, pp. 133–156.
- BICHO, N. e CARDOSO, J.L. (2018). O estudo do Paleolítico Superior e do Mesolítico em Portugal: uma perspectiva historiográfica, Estudos Arqueológicos de Oeiras 24. Oeiras: Câmara Municipal, pp. 67-9.
- Cucart‐Mora, C. (2022). Reconstructing Mesolithic social networks on the Iberian Peninsula using ornaments, Archaeological and Anthropological Sciences 14, pp. 1-16.
Concheiros (Vale do Tejo)
Locais de enterro mumificados debaixo de conchas, em formato de colina tradicionais do Oeste do continente africano. A estatura destes povos era similar à dos povos Twa (pequena estatura) da bacia do Congo.
Foi encontrado em Muge um esqueleto de um africano escravizado da idade moderna, que terá vivido entre os séculos XVII e XVIII. Denotando alguma continuidade da prática pelas comunidades africanas escravizadas a viver em Portugal nos séculos XVII e XVIII preservando os seus valores e identidade sociocultural. Procurando manter crenças e tradições específicas, uma vez que concheiros semelhantes aos de Muge são usados até aos dias de hoje na África Ocidental.
Referências
Contexto |
- ALVÁREZ, M. et al. (2010). Shell middens as archives of past environments, human dispersal and specialized resource management, Quaternary International 239: 1-7.
- BICHO, N.; UMBELINO, C.; DETRY, C.; PEREIRA, T. (2010). The emergence of the Muge Mesolithic shellmiddens (central Portugal) and the 8200 cal yr BP cold event. Journal of Island and Coastal Archaeology. London. 5, pp. 86–104.
- CUNHA, E. e CARDOSO, F. (2001). The Osteological series from Cabeço da Amoreira (Muge, Portugal), Bulletins et Mémoires de la Société d’Anthropologie de Paris 13 (3-4).
- DINIZ, M. (2010). O concheiro mesolítico do Cabeço das Amoreiras (S. Romão do Sado, Alcácer do Sal): um (outro) paradigma perdido?, in Juan Gibaja e António Faustino (Eds.), Os últimos recolectores e as primeiras comunidades produtoras do Sul da Península Ibérica e do Norte de Marrocos. Faro: Promontoria Monográfica 15, pp. 49-61.
- Por Dentro da África (2020). Episódio#10. Concheiros da Guiné-Bissau: uma análise da paisagem arqueológica, com Bruno Pastre Máximo. Disponível em https://www.pordentrodaafrica.com/podcast/episodio-10-concheiros-da-guine-bissau-uma-analise-da-paisagem-arqueologica-com-bruno-pastre-maximo.
- FIGUEIREDO, O. (2014). As Práticas Funerárias nos Concheiros Mesolíticos de Muge. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Arqueologia, Departamento de Artes e Humanidades, Universidade do Algarve.
- FRANCO. J.E. e FIOLHAIS, C. (dir.) (2017). Primeiros Textos de Pré-História, História e Heráldica, Obras Primeiras da Cultura Portuguesa. Volume 2. Lisboa: Círculo de Leitores.
- HENRIQUES, B. (2015). A visão histórica de Mendes Corrêa (1919-1940) História. Revista da FLUP. Porto, IV Série (5): 153-165.
- MATOS, P.F. (2019). Racial and Social Prejudice in the Colonial Empire Issues Raised by Miscegenation in Portugal (Late Nineteenth to Mid-Twentieth Centuries), Anthropological Journal of European Cultures 28 (2): 23-44.
- MONTEIRO, P.A. (2017). Economia de Recolecção da Madeira para Combustível dos Últimos Caçadores-recolectores de Muge: Estudo Antracológico dos Concheiros Mesolíticos do Cabeço da Amoreira e do Cabeço da Arruda (Santarém, Portugal). Dissertação de Doutoramento em Arqueologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
- ROLÃO, J. (2014). Uma nova abordagem da necrópole da Moita do Sebastião, Anais Série História, vol. I. Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa, pp. 9-16.
- UMBELINO, C. e CUNHA, E. (1995-1997). Abordagem antropológica dos Concheiros Mesolíticos do Sado, O Arqueólogo Português IV (13-15): 161-179.
A História do “Homo Afer Taganus” |
- ABRUNHOSA, A. (2012). Mendes Corrêa e o Homo afer taganus. Trabalho apresentado em V Jornadas de Jóvenes en Investigacíon Arqueológica. Arqueología para el siglo XXI, Santiago de Compostela.
- ATAÍDE, A. (1940). Novos esqueletos humanos dos concheiros mesolíticos de Muge. Congresso do Mundo Português. Lisboa: Comissão Executiva dos Centenários. 1, p. 627-651.
- BICHO, N. et al. (2013). Os últimos caçadores-recolectores do vale do Tejo: novas perspectivas sobre os concheiros de Muge, in Joaquina Soares (ed), Pré-História das Zonas Húmidas, pp. 57-68.
- CARDOSO, J.L. (2013). Carlos Ribeiro e o Reconhecimento do Solo Quaternario do Vale do Tejo: Enquadramento Geológico dos Concheiros Mesolíticos das Ribeiras de Magos e Muge, Estudos Arqueológicos de Oeiras 20, pp. 89-100.
- CARDOSO, J.L. (2011). O Professor Mendes Corrêa (1888-1960) e as investigações sobre o Homo Afer Taganus dos concheiros mesolíticos de Muge. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras.
- CARDOSO, J.L. (2000). O Professor Mendes Corrêa e a Arqueologia Portuguesa. Anais Academia Portuguesa de História III (2): 229-297.
- CARDOSO, J.L. e ROLÃO, J.M.(1999/2000). Prospecções e Escavações nos Concheiros Mesolíticos de Muge e de Magos (Salvaterra de Magos): Contribuição para a História dos Trabalhos Arqueológicos Efetuados, Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras.
- CORREIA, A. A. M. (1956). Notice préliminaire sur les squelettes préhistoriques de Moita de Sebastião (Muge). Crónica IV Congreso Internacional de Ciências Prehistóricas y Protohistóricas, pp. 133-139.
- CORREIA, A. A. M. (1951). Avant-Propos, in J. Roche, L’industrie Préhistorique du Cabeço da Amoreira (Muge). Porto: Centro de Estudos de Etnologia Peninsular.
- CORREIA, A. A. M. (1941). Pré-História e Gente do Ribatejo. Separata do Boletim da Junta de Província do Ribatejo. Lisboa: Bertrand (Irmãos), Limitada.
- CORREIA, A. A. M. (1938a). Arqueologia e Biologia. Trabalhos da Associação dos Arqueólogos Portugueses 4: 245-261.
- CORREIA, A. A. M. (1938b). Raízes de Portugal. Lisboa: Edição de “Ocidente”.
- CORREIA, A. A. M. (1936). A propósito do “Homo taganus”. Africanos em Portugal. Boletim da Junta Geral de Santarém 6 (43), p. 37-55.
- CORREIA, A. A. M. (1934). Novos elementos para a cronologia dos concheiros de Muge. Anais da Faculdade de Ciências do Porto 18.
- CORREIA, A. A. M. (1933). Les Nouvelles Fouilles à Muge (Portugal). C. R. XV Congrés International d’Anthropologie et d’Archéologie Préhistorique.
- CORREIA, A. A. M. (1928). Nouvelles Recherches sur l’Homme Tertiaire en Portugal. Actas da 3a Sessão do Instituto Internacional de Antropologia.
- CORREIA, A. A. M. (1926). O Homem Terciário em Portugal. Lusitânia-revista de estudos portugueses. 3 (9).
- CORREIA, A. A. M. (1924). Os povos primitivos da Lusitânia. Porto: Casa editora de A. Figueirinhas.
- CORREIA, A. A. M. (1923). Nouvelles observations sur “l ́Homo taganus, Nob.”. Révue Anthropologique 33 (11/12): 1-9.
- CORREIA, A. A. M. (1919a). Origins of the Portuguese. American Journal of Physical Anthropology 2 (2): 117-145.
- CORREIA, A. A. M. (1919b). Raça e Nacionalidade. Porto: Renascença Portuguesa.
- CORREIA, A. A. M. (1917). Novos subsídios para a Antropologia portuguesa. Congreso de Sevilla. Madrid: Asociación Española para el Progreso de las Ciencias, pp. 141-150.
- FERREIRA, A.C. (). Sobre a Configuração do Malar.
- NATIONAL GEOGRAPHIC (2011). Hoje. Por Baixo das Conchas: Os Concheiros de Muge. Novembro.
- SEBASTIÃO, L.F. (2000). O primeiro e o último habitante dos Concheiros, Público, 11 de Setembro.
- PEYROTEO-STJERNA, R. (2016). Death in the Mesolithic or the Mortuary Practices of the Last Hunter-Gatherers of the South-Western Iberian Peninsula, 7th–6th Millennium BCE, Occasional Papers in Archaeology 60.
A História de Pessoa Escravizada da Senegâmbia |
- LUSA (2022). Complexo pré-histórico continha ossadas de africano da Idade Moderna. Público, 21 de Fevereiro.
- O MIRANTE (2022). Descoberta ‘surpreendente’ nos Concheiros de Muge, 22 de fevereiro.
- PEYROTEO-STJERNA, R. (2022). Multidisciplinary investigation reveals an individual of West African origin buried in a Portuguese Mesolithic shell midden four centuries ago. Journal of Archaeological Science: Reports 42.