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Out of Africa – processo de hominização e das grandes alterações climáticas; mundo dos caçadores-recoletores. Início do povoamento da região. Os principais focos de ocupação humana vinda do continente africano atingiram o auge entre c. 200 000 a.C. e c. 30 000 a.C. Out
Referências
O Mesolítico é um período pré-histórico compreendido entre o Paleolítico e o Neolítico, tempo dos últimos caçadores-recolectores e da emergência das primeiras sociedades agro-pastoris na Europa, entre 10.300 e 5000 antes do presente (AP). Em Portugal, a ocupação mesolítica centrou-se essencialmente na zona costeira, testemunhada, até à data, pela existência de mais de 260 sítios arqueológicos (Monteiro, 2017; Straus, 2009).
As investigações sobre o Mesolítico no país foram inauguradas pela equipa do geógrafo Carlos Ribeiro, com a descoberta do complexo dos Concheiros de Muge, nomeadamente dos concheiros de Arneiro-do-Roquete e Cabeço da Arruda (1863) e, posteriormente, de Moita do Sebastião, Cabeço da Amoreira e Fonte do Padre Pedro (1884) – localizados na margem esquerda do Vale do Tejo, em Salvaterra de Magos, e datados circa 8100 e 7100 AP (Bicho et al., 2013).
Locais de enterro mumificados debaixo de conchas, em formato de colina tradicionais do Oeste do continente africano. A estatura destes povos era similar à dos povos Twa (pequena estatura) da bacia do Congo.
Foi encontrado em Muge um esqueleto de um africano escravizado da idade moderna, que terá vivido entre os séculos XVII e XVIII. Denotando alguma continuidade da prática pelas comunidades africanas escravizadas a viver em Portugal nos séculos XVII e XVIII preservando os seus valores e identidade sociocultural. Procurando manter crenças e tradições específicas, uma vez que concheiros semelhantes aos de Muge são usados até aos dias de hoje na África Ocidental.
Rede de povoados campaniformes: pequenas unidades de povoamento, de raiz familiar. Necessidade de visualização do espaço a grande distância (controle) e algum tipo de fortificação.
Centralização de antigos povoados: emergência de centros de poder político-económico, em altura, dominantes sobre a paisagem e sobre outros núcleos de povoamento. Elites indígenas que serão as interlocutoras com os fenícios povo africano do norte de áfrica (chegados provavelmente ainda no séc. IX a.C., a julgar pelas datações em Almaraz).
Bratrikus entrou pelo sul da península ibérica e ergue a sua capital em talikha, perto da sevilha atual
II Guerras Púnicas. Guerras Púnicas – Guerra de Roma contra os povos africanos do norte de África – Cartagineses. Presença na Ibéria de Hannibal o africano que pediu ajuda aos povos locais para lutar contra Roma com os seus elefantes couraçados.
Invasão do Império Romano pelos povos ditos bárbaros. Vândalos, alanos e suevos dirigem-se para a Península Ibérica.
Dinastias mais africanizadas eram as dos Almorávida (1086) e Almóada (1145), no meio entre as duas, assim como antes e após elas, houve reinos independentes e fracionados, as«taifas», até aos últimos dias de reinos de muçulmanos do al-Andalus em 1492;
Quer durante, quer fora dos governos «mais africanizados», os árabes (principalmente iemenitas, egípcios, sírios) ficaram maioritários, do ponto de vista numérico, se comparados aos próprios amazigh (berberes); mas há presença de berberes já na Península (nomeadamente no ocidente) já antes de haver al-Andalus (antes de 711);
Esta não foi uma invasão (ou uma ocupação), nem propriamente um convite, mas uma conquista relativamente pouco beligerante e por vezes favorecida pelas elites, às quais em alguns casos foi deixado um certo poder local. Por isso foi rápida, tendo em conta que os visigodos estavam em grande crise (económica, cultural, etc.) e os muçulmanos estavam na madrugada do apogeu da sua civilização (logo levavam consigo conhecimento, novas instituições, maiores possibilidade de riqueza, etc.); além disso, a própria instituição islâmica do dhimmah (pacto de proteção e convivência), permitia a pacífica convivência entre judeus, cristãos e muçulmanos, facilitou o espalhar-se do poder islâmico, a migração continuou ao longo de décadas.
De acordo com a hitoriadora Isabel Castro Henriques as primeiras referências a populações negras na Península Ibérica, em particular na Galiza estão “registadas numa memória escrita e iconográfica, intitula Cantidas de Santa Maria, a obra madada organizar por Afonso X, de Leão e Castela, entre 1252 e 1284, que regista a presença de uma mulher africana “negra como carvão”, “donzela feia”, “velosa como cão”, “velha de má côr”, mal cheirosa como “sison e alermã” (ave e planta), retratada com uma violência somática que vai perdurar durante séculos no vasto mundo ocidental” (Henriques, 2020: 59).
Referências
CASTRO HENRIQUES, I. e DA SILVA, J.M. (2020). Os “Pretos do Sado”: História e memória de uma comunidade alentejana de origem Africana (Séculos XV-XX). Lisboa: Edições Colibri.
De acordo com o historiador Vitorino Magalhães Godinho, chegam a Portugal, em 1441, os primeiros 10 a 18 “cativos” azenegues “apresados” no litoral do Saara, raptados por Antão Gonçalves e Nuno Tristão, numa emboscada a um acampamento em Porto de Cavaleiro (Rio do Ouro), dos quais se obteria as primeiras informações dadas sobre o serão saariano, facilitando a que na viagem seguinte, em 1443, se juntassem a estes, mais 29 pessoas. Godinho refere ainda, que segundo Eanes Gomes Zurara, Tristão “era movido pelo desejo de filhar cativos em número tal que o infante começasse a tirar proveito das despesas feitas nas viagens” (1983: 155).
Referências
GODINHO, V.M. (1983). Os Descobrimentos e a Economia Mundial, Volume IV. Lisboa: Editorial Presença.
As primeiras razias à costa africana que resultaram no aprisionamento de pessoas africanas e negras começaram na década de 1440’s que, de acordo com o cronista Gomes Eanes Zurara trouxeram a Lagos, na costa algarvia, o primeiro contingente de 235 mulheres, crianças e homens africanos raptados e aprisionados na costa da Mauritânia, a 8 de agosto de 1444, testemunhada pela curiosidade de muitas pessoas que ali se juntaram (Henriques e Silva, 2020:61). É este evento que marca, em grande medida, o início do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas. De facto, estima-se que entre meados de 1400s e 1761, tenham sido trazidos para Portugal cerca de 400.000 homens, mulheres e crianças (Lahon, 2004: 73-74). Entre os séculos XV e XIX estima-se que Portugal tenha sido responsável, em conjunto com o Brasil (independente desde 1822), por cerca de metade dos 12M de pessoas escravizadas no atlântico.
Referências
CASTRO HENRIQUES, I. e DA SILVA, J.M. (2020). Os “Pretos do Sado”: História e memória de uma comunidade alentejana de origem Africana (Séculos XV-XX). Lisboa: Edições Colibri.
LAHON, D. (2004). “O escravo africano na vida económica e social portuguesa do Antigo Regime”, Africana Studia 7, pp. 73-100.
A 18 de Junho de 1452, o Papa Nicolau V emitiu a Bula “Dum Diversas” qyue concedia à cora portuguesa o direito de capturar territórios e reduzir à condição de “escravos perpétuos” as populações não-cristãs da África Ocidental
Em 1453, o cronista real Eanes Gomes de Zurara entregou em 1453, ao então rei Afonso V o manuscrito A Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné (ou, de acordo com a edição, Crónica dos Feitos da Guiné), um documento essencial já que testemunha, de forma coeva, a solidificação da empresa colonial portuguesa no continente africano, bem como o início da escravatura transatlântica.
A “Romanus Pontifex” foi emitida pelo Papa Nicolau V, em 1454 e concedia à coroa portuguesa o direito de exploração da costa africana e do Atlântico, ou seja a exclusividade de navegar, comercializar e tomar possa das regiões a sul do Cabo Bojador.
Referências
FONSECA, J.(2020). “De Escravos a Negros livres no Sul de Portugal“. In M. D. Barros E A.P. Gato (eds.), Desigualdades – Estudos & Colóquios 21, online.
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Referências
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FONSECA, J. (1997). Escravos em Évora no século XVI. Évora: Câmara Municipal de Évora.
FONSECA, J. (1996-97). “Fugas de escravos na região de Évora (Século XVII)”, A Cidade de Évora, 2ª série, nº. 2, pp. 211-228.
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ROLDÃO, C. (2019). Visita à Setúbal Negra (séc. XV-XVIII): Desocultar a história local através da educação não-formal”. Medi@ções – Revista Online da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal 72: 66-85. http://mediacoes.ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/article/view/241/pdf.
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SAUNDERS, A.C. (1994). História social dos escravos e libertos negros em Portugal (1441-1555). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
1492 é assinalado como o ano da queda de Granada de Muhammad XII pelos reis católicos, o ano em que Cristóvão Colombo chega à América do Norte, bem como o ano em que é assinado o Tratado de Alhambra que decreta a expulsão de todos os Judeus do Reino de Espanha (que entram em Portugal em grande número).
Segundo o antropólogo Michel-Rolph Trouillot (1995), o Ocidente foi criado no decorrer do século XVI, na sequência de um conjunto de transformações materiais e simbólicas: i) a expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica; ii) a inauguração das viagens imperiais e do comércio colonial com a chegada de Cristóvão Colombo à América do Norte; iii) a maturação das monarquias absolutistas. Por sua vez, a europa – espelho e sinónimo de Ocidente – consolida-se pela criação de um passado greco-romano, da ocidentalização do cristianismo e do traçar de uma linha imaginária do sul de Cádis ao norte de Constantinopla – um espaço, metageográfico que delimita uma arena histórica, ideológica e política (Trouillot, 1995; Asad, 2005). Este é também o contexto que a Europa se coloca na posição de colonizadora e é inaugurada a crença de que a civilização europeia – agora, o Ocidente – possui uma “vantagem histórica” concedida por uma “qualidade” racial, cultural, ambiental, mental ou espiritual que lhe confere uma superioridade permanente face a outras comunidades humanas (Blaut, 1993). De facto, o processo de colonização e a inauguração do capitalismo enquanto novo poder global e modelo de dominação sustentou-se na classificação de pessoas a partir de critérios raciais, que edificaram e naturalizaram as diferenças entre colonizador/colonizado, construindo (novas) estruturas (e controlo) de trabalho, acesso a recursos e de produção de conhecimento (racial/eurocêntrico) (Quijano, 2000).
James Sweet, no seu artigo, “Collective Degragation: Slavery and the construction of Race”, refere o modo como a partilha europeia de uma conceção racial e cultural sobre o “outro” devolveu a conceção de um “nós” europeu, ancorada em três pilares essenciais, pós-1492: i) apesar da concorrência entre católicos e protestantes, todos eram cristãos; ii) não obstante as lutas pela soberania/sucessão fossem constantes, todos os espaços eram monarquias centralizadas; iii) conquanto instrumentalizado de formas diferentes, estava presente na europa um humanismo filosófico que parecia ter em comum um discurso relacionado com a consagração dos direitos individuais; e, de facto, é a criação de uma ideia de unidades distintas que sustenta que indivíduos são passíveis de serem escravizados (2003:4).
Se, no período pré-escravatura transatlântica o processo estava circunscrito ao espaço europeu, à escravização de pessoas Roma/ciganas, eslavas, judias e muçulmanas, baseando-se no argumento da “infidelidade religiosa”, segundo a qual poderiam ser escravizados todos os “infiéis”; com o início do tráfico transatlântico, os termos do debate alteram-se: embora se considerasse que os africanos eram “gentis” e possuíam capacidades de conversão ao cristianismo, apresentando um potencial de integração nos estados-nação emergentes, insistia-se também que devido a serem “bárbaros”, as suas capacidades de conversão eram incertas (salvo raras exceções) e que eram passíveis de ser escravizados (Idem). As bulas papais de 1452 e 1454 vêm então conferir o direito do Rei Afonso V de Portugal de escravizar todos os infiéis na África Ocidental e proclamar o direito dos europeus a conquistar e escravizar todas as populações a sul do Cabo Bojador, sob o pretexto de uma missão civilizadora (Idem:6).
As proposições racistas que justificaram a escravatura eram visíveis através da linguagem, nomeadamente no português, uma vez que os “escravos africanos” eram distinguidos dos “mouros” pelo termo “negro”, enquanto o termo “mouro negro” implicaria uma dupla “outrificação” baseada na interseção entre critérios raciais e religiosos. Na segunda metade do século XV, na Península Ibérica, o termo “negro” era equivalente a “escravo”, embora posteriormente a escravatura se tivesse alargado também às populações indígenas (Ibidem). Denote-se que esta conceção de raça operacionalizada no século XV em alguns países mediterrâneos como Portugal ou Espanha, “rapidamente viria a marcar a Europa, bem como as sociedades coloniais e imperiais, especialmente aquando da construção da soberania do estado” (Goldberg, 2009:3).
Referências
Édito de expulsão de judeus e mouros do reino, por D. Manuel I. Em Lisboa, a mouraria com cerca de 5 ha, não deve ter ultrapassado as 500 almas no século XV. O número de mouros ao longo do século foi diminuindo: uns afetados por doença e peste, outros emigraram para o norte de África e para Granada, ou ainda por miscigenação, ao integrarem a sociedade cristã.
Ao contrário das comunidades mouras, as judaicas aumentaram, quer em número quer em poder económico. Maria José Ferro Tavares calculou a população hebraica em cerca de 30 000 habitantes. O índice de miscigenação era muito baixo – a rejeição partia da própria comunidade judaica e das penas para quem ousasse manter relações entre elementos das comunidades cristã e judaica. Em Lisboa, existiram três judiarias e um núcleo habitacional (extinto em 1317, na Pedreira): Judiaria Velha ou Grande, Judiaria Nova ou das Tercenas e Judiaria de Alfama.
Referência
SAUNDERS, A.C. (1994). História social dos escravos e libertos negros em Portugal (1441-1555). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Centenas ou mesmo milhares de famílias migram para a Madeira ou Açores, e nos anos seguintes migram também para outras paragens além-mar deixando registos da presença de portugueses negros por todas esses locais. Estados Unidos, Hawai entre outros.
Práticas culturais africanas foram neste período bastante perseguidas e demonizadas, com lugar a queima de pessoas nos principais locais de julgamento das vilas.
Referências
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VASCONCELOS, J. L. (1898). “Mulatos de Alcácer do Sal”, O Archeologo Portuguez, Tomo 1, Março.
Nos relatos de estrangeiros que visitaram Portugal descrevem-se os vários grupos sociais de modo genérico. Os de origens africanas chamavam a atenção. Circulavam nas ruas carregando até ao rio os dejetos e sujidades produzidas nas habitações, sem sanitários, ou realizando outras tarefas desprestigiantes. Resultado da miscigenação entre as camadas populares brancas e negros vindos de África ou do Brasil, pessoas mestiças também se destacam. Pessoas escravizadas ou forros partilhavam o dia-a-dia da população branca. Também os negros eram acusados de curandeirismo ou feitiçaria pela Inquisição ou cumpriam penas nas galés por
ordem dos tribunais civis.
Lisboa tinha uma população de cerca de 250 000 habitantes. A população mourisca de Lisboa migra para a zona Oeste de Portugal, denominando-se região saloia e levando o seu conhecimento e experiência no negócio e na produção de animais e do trabalho na agricultura. As suas vestes mantiveram traços distintos que incluíam frequentemente o colete e o barrete. Aos mouros dos arredores de Lisboa dava-se antigamente o nome de Caloyos ou Saloios, nome tirado do nome da reza feita cinco vezes por dia, que se chamava “cala”.
VIEIRA, A.B. (2023). Preto sobrevive a memória de um Na Campa do“santo” escravo que a ditadura quis apagar, Público, 31 de outubro. Disponível em: https://www.publico.pt/2023/10/31/p3/noticia/campa-preto-sobrevive-memoria-santo-escravo-ditadura-quis-apagar-2068675
A Idade Contemporânea é entendida como o período compreendido entre a Revolução Francesa (1789-1799) e a e atualidade. Contudo, é importante sublinhar que esta cronologia eurocêntrica da história silencia a Revolução de São Domingo (hoje, Haiti), onde, entre 1791 e 1803, os jacobinos negros se insurgiram vitoriosamente contra a escravatura e o colonialismo do Império Francês, consolidando-se como a Primeira República Negra da história.
Referências
JAMES, C.L.R. (1989). The Black Jacobins: Toussaint L’Ouverture and the San Domingo
revolution. New York: Vintage Books.
Logo em 16 de fevereiro de 1821 foi apresentado um projeto de lei autorizando judeus (por vezes chamados de judeus negros) e mouros a regressar a Portugal, com todos os privilégios e direitos que a legislação medieval outrora lhes garantira. Portugal reabria-se assim ao regresso da comunidade judaica. Regresso já iniciado em finais do século XVIII. Provenientes de Gibraltar, de Marrocos e de outras regiões algumas famílias estabeleceram residência no Continente português e nas Ilhas. Várias firmas comerciais iniciaram atividade. Até 1851, centenas de indivíduos justificaram a existência de sinagogas e cemitérios próprios.
Conferência de Berlim e partilha da África pelas potências coloniais europeias. Conferência inicialmente idealizada por Portugal no seguimento da proposta do mapa cor-de-rosa e da anexação dos territórios pelos ingleses entre Angola e Moçambique.
19 de Setembro 1761 | Proibição de Introdução de Novas Pessoas Escravizadas na Metrópole
25 de Maio 1773 | Lei do Ventre Livre
10 de Dezembro 1836 | Proibição do Tráfico de Pessoas Escravizadas em todos os Domínios do Império Português
27 de Fevereiro 1869 | Abolição da Escravatura em todos os Domínios do Império Portugês
Referências
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MINISTÉRIO DA MARINHA (1889). Memória acerca da Extinção da Escravidão e do tráfico de escravatura no território português. Lisboa: Ministério da Marinha.
A 13 de março de 1986 chega a Lisboa Gungunhana – o “Rei de Gaza” – capturado, em Moçambique, por Mouzinho de Albuquerque, a 28 de dezembro de 1895, acompanhado por familiares e conterrâneos. Gungunhana foi objeto de imensa curiosidade por parte da população e dos media aquando da sua passagem e permanência em Lisboa, na prisão de Monsanto, até viajar para a ilha Terceira onde morreria em 1906. Contudo, a “memória dos africanos perpetuou-se na Terceira, através da descendência de Zixaxa”, um dos moçambicanos capturados e mantidos em cativeiro, mais tarde assimilidos (Enes, 2018: 24).
Referências
ENES, C. (2018). “Gungunhana nos Açores“, Álbum Terceirense. Volume IV. pp.11-26. Angra do Heroísmo : Instituto Açoriano de Cultura.
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DOMINGUES, M. (1960). Menino entre Gigantes. Lisboa: Prelo.
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A emigração portuguesa para África rondou os 2000 emigrantes anuais e raramente chegou a representar 6% do total. Nessa migração para áfrica e américa do sul estavam portugueses de origens africanas nascidos em portugal.
A grande maioria dos emigrantes – 59% dos homens e 87% das mulheres era analfabeta. Procuravam melhores condições de vida e amealhar dinheiro para constituir família; filhos de viúvas ou enjeitados, em situações desesperadas conseguiam que um padrinho lhes pagasse a passagem para o Brasil; agricultores arruinados procuravam fugir à proletarização; rapazes pobres, aspirantes a noivas de condição superior, homens ambiciosos. O fascínio do prestígio dos poucos brasileiros que regressavam ricos, compravam quintas, construíam palacetes, adquiriam comendas e distribuíam patacas pelos parentes pobres, levava os portugueses a emigrar!
Muitos negros encontravam-se em situação de semiescravatura, na primeira metade do século. Viviam sobretudo em Lisboa, Porto e Setúbal, cidades onde se empregavam em serviços domésticos. O seu número diminuía e eram substituidos por mão de obra galega m algumas regiões como o bairro do mokambo na cidade de lisboa. Serviam também como caiadores ambulantes de casas ou como picadores de touros nas arenas.
Segundo a historiadora Cláudia Castelo, “os estudos disponíveis […] quase não abordam o período posterior à abolição da escravatura ou fazem-no de forma insuficiente. As dinâmicas africanas no Portugal novecentista, quando aparecem, são quase sempre reduzidas às decorrentes do movimento migratório da descolonização, como se africanos e afrodescendentes tivessem estado ausentes do espaço europeu, reemergindo apenas após 1974/75 e sobretudo nas décadas de 1980 e 1990, período de crescimento e diversificação da imigração africana em Portugal (2022: 132).
Na senda do repto de Castelo, podemos encontrar no Arquivo Fotográfico de Lisboa, um conjunto de fotografias que atestam esta presença na capital do país, na viragem do século XX:
1904 | Primeiro Grémio de Africanos em Lisbo
Referências e Fontes
ARQUIVO FOTOGRÁFICO DE LISBOA.
CASTELO, C. (2022). Africans and Afrodescendants in the Portuguese metropole (twentieth century): a return to the “imperial archive”. Portuguese Literary and Cultural Studies 34-35 (2022): 131-150.
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1910 | Comissão Permanente dos Filhos de São Tomé e Príncipe
1911 | Associação dos Estudantes Negros
1911 | Lançamento do Jornal O Negro
1912 | Junta de Defesa dos Direitos de África
1912-1913 (e depois 1927-1930) | Jornal A Voz de África
1913 (e depois 1931-1932) | Jornal Tribuna d’África
1914-15 | Jornal O Eco D’África
1915 | Jornal Portugal Novo
1916-1918 | Jornal A Nova Patria
1919 | Fundação do Jornal A Batalha
Referências
ROLDÃO, C., PEREIRA, J. e VARELA, P. (2023). Tribuna Negra: Origens do Movimento Negro em Portugal 1911-1933. Lisboa: Tinta da China.
1920 (a 1924) | Liga Africana
1921 | Jornal O Protesto Indígena
1921-1923 e 1924 | Correio de África
1923 | Congresso Pan-Africano Lisboa
1929 | Liga das Mulheres Africanas
1929 | Grémio dos Africanos
1929 | Ké-Aflicana
Referências
ROLDÃO, C., PEREIRA, J. e VARELA, P (2023). Tribuna Negra: Origens do Movimento Negro em Portugal 1911-1933. Lisboa: Tinta da China.
1930-1932 | Jornal A Mocidade Africana
1931 (e 1932-1933) | Jornal Africa
1931 (a 1933) |Jornal Movimento Nacionalista Africano
1932 | Jornal Africa Magazzine
1932 | Jornal Hoje
Referências
ROLDÃO, C., PEREIRA, J. e VARELA, P. (2023). Tribuna Negra: Origens do Movimento Negro em Portugal 1911-1933. Lisboa: Tinta da China.
Lisboa foi porta de saída da Europa em guerra. Aqui se estabeleceram pessoas de muitas nacionalidades como britânicos ou alemães e procuraram obter visto de viagem muitos judeus.
1940 | Publicação do Livro Mouros, Judeus e Negros na Historia de Portugal, de J. A. Pires de Lima
1940 | Publicação da Comunicação apresentada no Congresso Nacional de Ciências da População, “A Influência dos Mouros, Judeus e Negros na Etnografia Portuguesa”
1944 – Criação da Casa de Estudantes do Império (CEI)
Vaga de emigração portuguesa, motivada pela crise do setor agrícola, a incapacidade de os setores económicos absorverem a população rural que abandonava os campos, a repressão política pela ditadura e a fuga à guerra colonial. Vinda de migrantes ou refugiados das ex-colónias africanas.
Revolução dos Cravos iniciada pelos dirigente africanos que pretendiam a independência dos países ainda sob jugo colonial. A própria mensagem/musica de inicio da revolução em Portugal dá-se na zona do país com maior espirito revolucionário e de luta contra a exploração laboral ou escrava da região de forte presença africana que é o vale do sado, e mais especificamente a cidade de Grândola que é morena na canção pela sua forte presença ancestral africana. Apogeu nos 10 anos seguintes das migrações africanas em grande número para Portugal.
FONTES E REFRÊNCIAS
ARQUIVO FOTOGRÁFICO DE LISBOA.
1987.02.17 | Criação da Associação Guineense de Solidariedade Social
1988 | Edição do Livro “Os Negros em Portugal: Um passado Silencioso”, de José Ramos Tinhorão
1990 | Fundação do Movimento SOS Rascismo
1991 – 1995 | Fernando Gomes Ka foi deputado do Partido Socialista na VI Legislatura
1993 | É promulgado o Programa Especial de Realojamento (PER)
1995 | Assasinato de Alcindo Monteiro
1996 | É criada a Associação Batoto Yetu Portugal
1996 | Processo de regularização extraordinária de Imigrantes
1996 | Rapper Djoek lança Nada Mí N’Caten, o primeiro albúm cantado em cabo-verdiano crioulo em Portugal
1999 | Criação da Rede Anti-Racista
2001 | Cimeira de Sevilha
2004 | Cimeira de Haia e Criação da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira
2007 | Cimeira Europa-África de Lisboa
2013.10.03 | Tragédia de Lampedusa
2014 | Criação da Rádio AFROLIS
2015.02.05 | Seis jovens do bairro da Cova da Moura (Amadora) são sequestrados, torturados e racialmente insultados no interior da esquadra de Alfragide (Amadora)
2016.03.21 | Fundação da FEMAFRO – Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afrodescendentes em Portugal
2017.07.11 | Dezoito polícias são acusados pelo ministério público de crimes de tortura e injúria motivados por ódio racial, entre outros
2018 | Criação do Instituto da Mulher Negra em Portugal (IMUNE)
2019.09 | Criação do Projeto Afrolink [https://afrolink.pt/sobre/]
2019 | Início do Programa Cidade Invisível – Antena 1 [https://www.rtp.pt/play/p6377/e438280/cidade-invisivel]
2019 | Criação do Podcast “O Lado Negro da Força” [https://www.facebook.com/oladonegrodaforca2019/videos]
2019 | Exposição “Para uma história do Movimento Negro em Portugal. 1911-1933”, por Cristina Roldão, José Augusto Pereira e Pedro Varela, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (ESE-IPS)
2020.12.10 | Estreia do Podcast do “Viemos para Ficar” (SOS Racismo) [https://www.sosracismo.pt/geral/viemos-para-ficar-podcast-anti-racista]
2021 | Reedição do Jornal O Negro, pela editora Falas Afrikanas